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Paisagens Verticais Um aspecto relevante é a questão da profundidade e da superfície. A arte ocidental imita o mundo com o auxílio da perspectiva, que nos permite adentrar as imagens como se elas fossem reais. Lou Borghetti não adere incondicionalmente a este recurso intelectualizado. Sua pintura se estabelece na superfície da tela ocupando-a como um oriental a faria. Ao dispor sua imagem sobre o suporte ela não aspira à profundidade enganosa da perspectiva, preferindo que a paisagem se realize na superfície da tela. As pinturas permitem que o olho do espectador passeie por formas econômicas e esquemáticas calcadas em desenhos infantis. Sobre o desenho das crianças é desnecessário enfatizar seu desembaraço, mas não devemos nos iludir: não há ingenuidade nestes desenhos assim como não há ingenuidade nas crianças quando elas projetam a aparência do mundo. Os desenhos infantis evidenciam as etapas do nosso crescimento e da nossa compreensão do mundo na sua essência e, talvez por isso mesmo, eles exerçam um fascínio tão grande em nós depois de adultos. O olhar infantil é rápido, certeiro, sem enganos.
Lou Borghetti efetua uma equação complexa
na qual a tradição do gênero paisagem e o meio pintura se unem a formas
migrantes de seus desenhos infantis. Tudo converge para uma obra solidamente
construída, que oferece algo novo e profundamente instigante: capacidade de
comunicação, grande presença física e diálogo marcante e pertinente, tanto
com a produção pictórica quanto com questões estéticas contemporâneas. Sua
pintura solidamente construída é uma partitura consciente e cuidadosamente
escrita que nos permite executá-la com nossas almas e também com os nossos
espíritos. |
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